Nelson During
Editor-chefe DefesaNet
A apresentação de resultados da SAAB, feita no dia 10 de Fevereiro, na Suécia, e a entrevista coletiva, realizada no dia 18 Fevereiro no Singapore AirShow, mostraram o avanço do Programa do Caça Gripen NG, modelos E (monoplace) e F (Biplace).
A empresa SAAB anunciou que o Roll Out, do modelo E, que a Suécia adquiriu 60 aeronaves e o Brasil 28 (das 36 unidades), será no dia 18 de MAIO, próximo.
A SAAB mostrou grande expectativa inclusive de que cumpra-se o projetado de futuras encomendas do Gripen pela Força Aérea Brasileira (FAB), podendo alcançar mais de 100 aeronaves no total. A SAAB espera vender cerca de 300 aeronaves Gripen E/F no mercado internacional.
A Participação Brasileira
Como fatos relevantes foi mostrado, que 46 empregados da EMBRAER Defesa & Segurança e 2 da AEL Sistemas, estavam na Suécia desde Outubro 2015. O fato é real e esconde uma significativa divergência entre as Base Industria de defesa do Brasil e a SAAB.
Apresentação da SAAB na Conferência de Imprensa no
Singapore Air Show 18 Fevereiro 2016 – Arte SAAB
Para completar os acordos de contrapartidas comerciais (Offset) e Transferência de Tecnologia (ToT) no Programa Gripen NG BR, etapa importante do contrato as empresas brasileiras têm negociado com a SAAB.
Foi apresentado às empresas brasileiras participantes do Pograma Gripen NG um item formado por 3 letras. Trata-se do “UDA” ou “Unlimited Damage Agreement”. Significa para a empresa brasileira, que participa do Consórcio, responderá por “TODOS” os custos, que possam ocorrer por responsabilidade do parceiro brasileiro, à SAAB.
Assim o potencial dano ocasionado, digamos por um trabalho defeituoso, atraso no embarque de peças, ou qualquer outro caso furtuito, pode gerar ônus, que seriam de difícil contabilização.
Só duas empresas brasileiras aceitaram os termos propostos. A EMBRAER Defesa & Segurança (EDS), que terá uma participação limitada, no seu ver, e julgou ser aceitável o risco. A segunda empresa a AEL Sistemas, responsável pelo desenvolvimento do “Wide Area Display” (WAD), tem um risco potencial enorme pelos desafios inerentes de trabalhar em um componente de nova tecnologia sensível no estado da arte.(ver matéria WAD – AEL Sistemas e SAAB avançam no Desenvolvimento Link)
Aqui, pesou o apoio da matriz, a israelense ELBIT, que considerou valer o risco de entrada neste futuro de aviônicos de formato largo (large display). Já tem um trabalho em andamento com a Boeing. Também a grande participação da empresa no mercado internacional a lhe capacita a discutir possíveis divergências, que possam ocorrer com a SAAB, em melhores condições, que as brasileiras a exceção da EMBRAER Defesa & Segurança.
Quando em visita à Suécia e à SAAB, em Outubro 2015, a Presidente Dilma afirmou: "Só comprar um avião não era o que nos interessava. Nos interessava comprar um avião e que a tecnologia fosse transferida".
Os Movimentos do Governo Brasileiro
A situação pegou o governo brasileiro totalmente desprevenido e o que tem causado muita estranheza em Brasília DF, tanto na Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (COPAC), responsável pelo lado da Força Aérea Brasileira para conduzir as negociações referentes ao Gripen NG BR, assim como no Palácio do Planalto.
Na apresentação de resultados a SAAB, no dia 10 de Fevereiro foi colocada a seguinte frase: “No início de 2016, a posição de liquidez está fortalecida pelo importante progresso alcançado nos projetos e pagamentos de parcelas.”
Não são nominados quais os projetos e quais parcelas foram pagas, mas DefesaNet obteve informações confidenciais referentes ao Brasil.
O que isto significa de fato? Pois, para surpresa de nossos leitores o Governo Brasileiro quitou o Dowpayment (parcela inicial referente ao comppromisso do contrato), com um pagamento de R$ 800 milhões, através da Comissão Aeronáutica Brasileira na Europa, baseada em Londres, em Janeiro deste ano. O então Ministro Joaquim Levy tinha solicitado um parcelamento do Downpayment, realizando um pagamento inicial de R$ 200 milhões, ainda em 2015.
Sim, caros leitores, o Governo Brasileiro e a Força Aérea Brasileira estão adimplentes com o Programa Gripen NG BR. Isto moveu o eixo do jogo para o campo sueco, que foi pego de surpresa e tem mostrado uma certa intransigência em responder às demandas brasileiras.
Outras questões
Ao longo das discussões também estão surgindo divergências, que deverão ter um tratamento amplo, tanto pelo lado do Governo Brasileiro, Força Aérea Brasileira e a Base Industrial de Defesa do Brasil, assim como pelo lado da Suécia: governo e SAAB.
O governo sueco já movimentou-se ao alargar a janela de oportunidade para o KC-390 ser ofertado à Suécia. Deverá lançar uma licitação internacional para a estender a vida operacional até 2030, dos de seis dos seus Hércules C-130 (Tp84).
Em Junho de 2015, o então comandante de Força Aérea Sueca (Flygvapnet,) Major-General Micael Bydén, afirmou a DefesaNet que o KC-390 era o candidato preferencial para substituir os C-130, “caso fosse mantido o cronograma de desenvolvimento. (Ver Para a Força Aérea Sueca o KC-390 é preferencial se mantiver o cronograma de desenvolvimento Link)
Como o cronograma de desenvolvimento do KC-390 está sendo estendido, por 18 meses ou mais, a Flygvapnet alarga a janela de oportunidade.
Outros Impactos
A lâmina mais ambiciosa, referente aos acordo de OFFSET e Transferência de Tecnologia, apresentada pela SAAB, na conferência de Imprensa, no dia 18FEV2016, mostra vários empreendimentos, que estão sofrendo um impacto significativo no cronograma de implantação, pelas atuais divergências, assim como um atraso gerado pela própria companhia SAAB.
Em especial as obras relacionadas a São Bernardo do Campo, SP.
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